terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Mãe, por acaso o bife é a vaca?


Sim, disse ela....

E com nove anos me tornei uma pequena vegetariana. Não entendia como as pessoas achavam normal comer aquele animal tão fofo, com focinho molhado, branco de manchas pretas, que ficava pastando feliz, comendo graminha... E olha que eu nem fazia idéia de como a carne era produzida!

Voltando um pouco para quando eu era ainda mais criança, me lembro exatamente quando fui passar um fim de semana na chácara de minha madrinha e a mãe dela foi até o quintal, pegou uma galinha, torceu o pescoço e começo a depená-la ali mesmo, sentada no degrau da cozinha, conversando com uma empregada e agindo como se aquele procedimento fosse o mais natural possível, o mais normal... E o pior, para ela, era mesmo.

Quando o almoço ficou pronto, aquela ave na mesa, rodeada de batatas e molho de tomate, fiquei estática... Olhava para ela e para a janela, onde conseguia enxergar os outros animais... Porquinhos, galinhas, patos, todos ali disponíveis para serem comidos quando seus donos tivessem vontade...

Lembro, que nessa semana fiquei pensando: que traição! Eles dão de tudo (no caso da minha madrinha), comida, bebida, um abrigo... Fingem que amam pra depois matar?!! Foi impressionante como essa pergunta martelou na minha cabecinha de menina.

Já com os peixinhos foi diferente, estava assistindo o programa da TV cultura, X-Tudo (lembram?) e eles passaram uma reportagem sobre o fundo do mar... Nunca tinha visto um camarão sem ser no espetinho, na praia! Eu o vi andando no mar, junto com os peixinhos e os demais animais... E mais uma vez, isso cutucou minha cabeça!

A partir daí, a pergunta mudou: Por que as pessoas comem carne?

Acho que é porque não enxergam realmente o que se passa antes do churrasco chegar ao prato... Assim como as crianças de hoje crescem achando que o leite já nasce na caixinha, que o bife vem pronto na bandejinha, sem fazer idéia do que acontece até a vaquinha virar um Mc Donald´s...

E foi assim que o processo de virar vegetariana aconteceu na minha vida, de uma forma muito natural, não foi preciso que me dissessem nada, eu percebi que o amor que eu sentia pelos meus irmãos animais era suficientemente maior do que a cultura de comê-los... Não entendo como esta sensibilidade e esse amor apareceram no meu coração... Só posso dizer que existem em mim e que, por algum motivo se manifestaram tão cedo.

O apoio da minha mãe sempre foi importante, meio que contrariando meu pai (que não entendia como uma pessoa poderia não gostar de uma picanha ou até mesmo como não morreria de anemia se não comece proteína animal), sempre respeitou minha escolha e nunca me forçou a comer nada que não quisesse, pois havia sofrido muito quando era criança, quando meu avô a forçava a comer as galinhas que criava no quintal, das quais a maioria ganhava nomes e fitinhas de crochê que ela mesma fazia. Comer suas amiguinhas era impossível para ela e isso lhe rendeu algumas boas cintadas... Sempre achei que a minha mãe tem um “Q” de vegetariana e que é do tipo de pessoa que come porque cozinha para os outros, por cultura, por um hábito que ainda não se deu conta plenamente que não combina com ela, que é apaixonada por bichos também.

Aos poucos, enquanto ia crescendo, ia me apaixonando cada vez mais pela filosofia de vida dos vegetarianos e conhecendo as razões dos meus "companheiros de causa", podendo assim, agregar ao meu conhecimento números, pesquisas, estudos, razões e justificativas ainda maiores.

Existem pessoas que não comem carne por questões religiosas, por saúde, por causas sociais, por restrições alimentares e, como eu, por amor. Quando tinha uns 13, 14 anos, na fase que se questiona tudo (risos) me incomodava profundamente o fato das pessoas justificarem sua opção pelo vegetarianismo com outra razão que não fosse o amor. Hoje, depois de 16 anos vivendo sem a crueldade na minha mesa, vejo que o chamado para esta dieta vem de diferentes formas e o importante é ouvi-lo para que possamos construir um mundo menos cruel e seguindo o verdadeiro sentido de “humano”.

Bom, vou utilizar esse blog para compartilhar experiências, estudos, receitas e histórias sobre pessoas, animais e vegetarianismo, sem desrespeitar de forma alguma as pessoas que consomem carne.. Optar pelo vegetarianismo é uma escolha pessoal, que corresponde a verdade e o momento de cada um... Espero que este blog seja um canal esclarecedor e informativo, destinado a todos que buscam qualidade de vida, harmonia e bem estar consigo e com o próximo (de duas pernas, duas patas, quatro patas, peninhas, escamas...etc. rsrs).

Um abraço!

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